Dissertação desenvolvida por Membro do GRAPP/CNPq/UFPE é Notícia na UFPE!


Expansão de empresas do Cabo de Santo Agostinho provoca prejuízos a comunidade quilombola


Por Luiza Freitas


Um refúgio autossuficiente e protegido no meio da mata. A ideia que muitos têm de um quilombo está distante da realidade na comunidade quilombola Onze Negras, no Cabo de Santo Agostinho, que sofre com a expansão das empresas na região. A perda de território e a consequente ameaça à identidade da comunidade foram analisadas por Elielton Alves de Albuquerque na dissertação “Território e identidade: conflitos socioambientais na Comunidade Quilombola Onze Negras – Cabo de Santo Agostinho/PE”.
Feito sob orientação da professora Vitória Gehlen, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema), o estudo se propôs a analisar a maneira como ocorrem os conflitos socioambientais na comunidade, identificando os envolvidos. O pesquisador ouviu dos próprios moradores, principalmente das Onze Negras – líderes da comunidade –, os problema que mais afetavam o grupo. As reclamações mais recorrentes se referiam às empresas próximas.
“Elas estão pouco a pouco invadindo o espaço deles. Isso está afetando a comunidade, que vê o momento de ser expulsa do local, mesmo tendo os documentos das terras”, explica Elielton. Isso é possível através da compra de terras de alguns quilombolas que não se sentem encorajados a continuar vivendo no local. O acesso precário e a falta de transporte são problemas antigos, enquanto o acúmulo e mau armazenamento do lixo vêm piorando nos últimos anos.
Para os moradores determinados a continuar na Onze Negras e que buscam na agricultura uma alternativa, os entraves se acumulam. Já não bastassem as queimadas e o desmatamento provocados pelo cultivo da cana nas usinas e a poluição emitida pelas fábricas nos arredores, há uma tubulação – servindo às empresas – que passa dentro do terreno da comunidade e limita o aproveitamento das terras.
Há também uma preocupação quanto à preservação da identidade da comunidade. “Eles dizem que, se saírem de lá, vão perder a cultura e eles não querem isso”, diz Elielton. “Ao envolver as sociedades com os ecossistema locais, são fortalecidos os vínculos econômicos, sociais, espirituais, culturais e ecológicos”, complementa.
ONZE NEGRAS - A comunidade quilombola surgiu na década de 1940, formada por trabalhadores vindos do Recife e interior para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar. Unidos pela origem – eram netos de ex-escravos – formaram a comunidade no Engenho Trapiche, que logo teve de ser removida para a construção de uma rodovia. Com a indenização, compraram novas terras, a 10 quilômetros do centro do Cabo de Santo Agostinho. Hoje mais de 450 famílias vivem no local, que abriga principalmente pedreiros, domésticas e agricultores.

Mais Informações

Elielton Alves de Albuquerque
elieltonalbuquerque@hotmail.com

Retirado do endereço: http://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=41981:expansao-de-empresas-do-cabo-de-santo-agostinho-provoca-prejuizos-a-comunidade-quilombola&catid=696:prodema

This entry was posted on domingo, 20 de novembro de 2011 . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 . You can leave a response .

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